A avaliadora de gestão

Por Joaquim Ferreira dos Santos

Uma praga. Há quem trema com seu palavreado cheio de sinergia, há quem morra de rir de mais um cerimonial que só atravanca o bom andamento dos serviços. Ela não edita uma página do jornal, ela não aperta um parafuso na fábrica. A avaliadora de competências só quer saber de gestão. Fala em operacionalizar resultados na reunião das dez, coaching na reunião das onze e mentoring no almoço executivo do meio-dia. Impressiona os incautos com seu dicionário corporativo, da mesma maneira que outras fêmeas tentam o mesmo com o silicone. É o pavão misterioso, o coreto de Madureira, uma pegadinha do RH. O nada e a perda de tempo. A avaliadora mete medo nos machos com seu jeito trend de ser porque inverteu o processo. Ela não veio ao mundo para ter o rebolado avaliado quando se dirige ao cafezinho. É ela quem dá as notas, quem controla o budget e o EBITDA. Busca o alinhamento interno com a mesma sofreguidão que as colegas buscam o orgasmo múltiplo. Ela é holística. Avalia o comprometimento de cada um com a superação de padrões já estabelecidos.